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Coluna – Fodões

Olá tranqueiras, meu nome é Mateus Mantoan e estamos aqui para dissertar sobre nosso primeiro programa. No Podcast falamos sobre os grandes fodões, vou escrever aqui uma pequena linha do tempo sobre essa categoria de personagem nos cinemas:

Bem, para não ficarmos nos repetindo, afinal imagino que vocês já tenham ouvido o programa, vamos analisar aqui nesse texto algo um pouco mais conceitual, o que seria um fodão?

Se considerarmos em questão de cinema, o ponto mais antigo que mais se assemelha ao nosso termo atual são os faroestes clássicos, desde o John Wayne nos Estados Unidos até os (melhores na minha opinião) faroestes a italiana, Spaghetti Western como alguns chamam. Esses Westerns vão do mais conhecido homem sem nome do Clint Eastwood / Sergio Leone na clássica trilogia dos dólares até os Bud Spencer e Terrence Hill passando por Lee Van Cleef e Franco Nero.

Em geral o herói da história era um cara solitário, ou no máximo de poucos amigos, de personalidade forte que costuma resolver problemas a sua volta mesmo que não sejam seus problemas. Lógico que não são pontos fixos, todas essas características podem variar de um pro outro.

E enquanto na Europa e nos estados unidos os faroestes eram produzidos, no oriente os filmes de artes marciais com Bruce Lee em Hong Kong e as historias de samurais no Japão mostravam outros fodões, esses filmes merecem ser vistos para entender as influências, claramente os orientais aprenderam as técnicas de filmagem e roteiro com as produções estrangeiras e, misturando com suas próprias histórias, criaram seus filmes com um grande foco na ação física, esses filmes voltaram a influenciar o cinema americano e europeu, tendo em vista que anos mais tarde até o Mel Gibson no papel de Martin Riggs em Máquina Mortífera lutava kung fu.

Enquanto o gênero faroeste estava morrendo começaram a aparecer os filmes se ação com um tipo de personagem, o que seria a gênese do que é conhecido como “brucutu”, antes de nobres senhores como Sylvester Stallone, Schwarzenegger e Bruce Willis aparecerem nos cinemas outros nomes migraram dos cenários quentes e áridos dos faroeste para as cidades, os maiores exemplos seriam o Charles Bronson, que saiu de clássicos como Era uma Vez no Oeste (onde fez o icônico personagem Harmônica) e Sete homens e um destino (que terá remake em 2017 com Wagner Moura, “vamo vê coé”) para ser Paul Kersey na franquia absoluta Desejo de Matar. Nessa mesma linha de raciocínio temos o “pai de todos” Clint Eastwood que depois de viajar para a Itália e conhecer o mestre Sérgio Leone voltou para a América para fazer seus próprios clássicos, entre eles temos como maior exemplo o Dirty Harry (no Brasil chamado de Perseguidor Implacável) onde Clint deu vida ao investigador Hary Callagahan, perfil mais copiado de detetive durão em hollywood. Todas essas histórias usavam um cenário urbano com um personagem forte que estava cansado de ver injustiça e tinha meios de ir contra isso, mas não eram “mocinhos” eram heróis que não buscavam reconhecimento, muitas vezes quebrando leis para cumprir as mesmas. “Se quiser limpar o sangue das ruas terá que sujar as ruas de sangue”, não sei exatamente de onde ou de quem é essa frase, mas ela é a essência desses últimos filmes que citei aqui, no fim é interessante como eles agiam, é como se eles soubessem que o que fazem é errado e aquilo um dia seria cobrado, mas ainda sim eles fazem para que os outros não tenham que passar por nenhum situação pior.

Esses heróis em sua maioria tem um estopim, com exceção do Harry Calagahan que não se encaixa nisso, ele é foda e pronto, afinal ele é o Clint Eastwood, logo não tem que justificar nada. Mas a maioria dos heróis a partir desse momento tem uma justificativa para ser o que eles são. Continuando no Paul Kersey (que vai provar ser um dos personagens mais azarados da história…) ele no primeiro filme tem sua família morta e ele decide se vingar dos criminosos, até hoje me lembro da celebre frase “existe uma diferença entre ser civilizado e ser um covarde”.

Bem, cronologicamente após isso tudo chegamos finalmente nos nossos fodões mais conhecidos, Sylvester Stallone como John Rambo, Marion Cobretti, Rocky Balboa, Bruce Willis como John Mclain, tio Shearza como John Matrix, Mel Gibson fazendo Maverick e Martin Riggs. Citando apenas os principais, pois essa categoria definiu o que são brucutus dos anos 80. Agora os heróis não são apenas pessoas com armas, elas são praticamente super pessoas, tem força extrema, agem mais sozinhos do que nunca, tem a ação ainda mais exagera (uma ótima evolução no cinema aliás) e são lembrados até hoje, incluindo os recentes Expendables onde o Stalone reencontra toda a galera para mais uma reunião de negócios. 

Infelizmente hoje em dia temos poucos fodões, os que temos são muito bons, mas em sua maioria estão perdidos em séries da FX ou são caras mais velhos que na década de 80 não sabiam que tinha esse perfil. Liam Neeson é o primeiro que cito nessa categoria, com seu filme Taken (Busca Implacável no Brasil) ele já com mais de cinquenta anos descobriu que tinha jeito para bater em metade dos árabes que estavam na França para salvar sua filha que foi sequestrada enquanto ia para um show do u2 (nem vou falar que a menina merecia ter morrido devido ao mal gosto, mas tudo bem). Outro cara mais velho é o Kiefer Sutherland, famoso nos anos oitenta como vampiro em Garotos Perdidos, em 2001 logo depois dos ataques do onze de setembro assumiu o papel do agende federal Jack Bauer na série 24 Horas, em sua primeira temporada impediu o assassinado de David Palmer (até então candidato a presidência dos estados unidos, muito antes do Obama fazer moda em 2008). Jack conseguiu mostrar um perfil muito agressivo e necessariamente violento na TV aberta americana, ele fazia o que deve ser feito independente de quem tivesse que sofrer para isso, entre torturas de bandidos, tiroteios no meio de Los Angeles, execuções, “negociações” com terroristas e outras peripécias por aí nós vimos que a ação ainda podia ser salva nos anos 2.000

Como disse no começo do último parágrafo, alguns fodões atuais estão por aí nas produções do incrível canal FX, em 2002 eles lançaram sua primeira série de produção própria, conhecemos então Vic Mackey e seu “Strike Team” no seriado vimos uma delegacia que tinha no mesmo prédio a chamada parede azul (policiais fardados de ronda) os detetives de terno e gravata, clássicos investigadores que por algum motivo só trabalham em dupla e uma equipe especial chamada Strike Team, essa equipe era formada por policiais corruptos que achavam que conseguiam manter a ordem nos suburbios de Los Angeles fazendo acordos com bandidos e, claro, cobrando uma porcentagem para isso, no comando dessa equipe apareceu Michael Chickles interpretando com maestria  o careca mais agressivo da policia de Los Angeles. Entre os produtores dessa série estavam Shawn Ryan e Kurt Sutter (o senhor Sutter será ainda citado nesse texto) e ambos tem uma característica em suas séries,nunca para de dar merda, os problemas são seguidos um dos outros, por mais que as coisas comecem a se resolver sempre acontece um novo problema,, em geral ligado ao anterior. E foi assim que The Shield foi do começo ao fim. E a prova de que Vic Mackey foi um fodão era como ele lidava com esses problemas, seja arrebentando a cara de um traficante num fogão por vingança ou transando com a ex de um policial da corregedoria (brilhantemente interpretado pelo Forrrest Whitaker) ele mostrava suas habilidades de fodão.

Outro fodão da FX foi o US Marshal Raylan Givens e seu nêmesis Boyd Crowder. Raylan é um agente com uma característica peculiar, ele só saca a arma se for para matar alguém, usando constantemente em seus relatórios a frase “Foi Justificado” no original que soa bem melhor “It Was Justified” o que também dá o nome a série, Justified de 2010 até 2015 mostrou o período onde Raylen foi transferido de Miami para sua terra natal no Kentuky reencontrando um antigo amigo Boyd, que entrou para a vida do crime seguindo os passos de sua família, entre diversos criminosos que chegam no interior do estado. 

Para finalizar as produções nesse canal trago aqui Sons Of Anarchy, uma série que se passa no interior da Califórnia produzida por Kurt Sutter com diversos personagens fodões, começando com o Ron Perlman atuando como Clay Morrow o presidente do moto-clube fumador de charutos e camarada de traficantes de armas Irlandeses. Chibs, o amigo escocês que chega para ajudar o clube a se reerguer. Jax Teller, o protagonista que começa como um personagem juvenil que só está lá pelo sobrenome, mas cresce a ponto de arquitetar os melhores planos para vencer as gangues inimigas. Bobby “Elvis” Mulson, o judeu contador que está sempre na espreita para resolver os problemas do grupo. Entre diversos outros além da linda Katey Sagal atuando como Gemma Teller, mãe do protagonista que pode ser considerada uma fodona e com certeza terá seu papel explorado num programa sobre personagens fodonas.

 

Bem amigos, esse texto expande um pouco o tema que comentamos no nosso último programa, faltou algum fodão? Tem algum conceito que esquecemos? de qualquer jeito comente, diga o que achou, aponte algum erro ou apenas nos xingue, mas comente nessa postagem, ouça o podcast e aguardem a próximo programa com mais um tema pela visão tranqueira da coisa